Sobre este blog

Já faz muito tempo que a escola descobriu o potencial educativo das charges e cartuns na formação de leitores reflexivos e que dominam sua linguagem híbrida (verbal e imagética). Este blog é uma compilação de charges de Ivan Cabral que traz a relação dos temas abordados com os conteúdos presentes nas atividades em sala de aula. Cada charge tem marcadores que a associam a uma das disciplinas escolares.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Charge e cartum: Qual a diferença?

            

Charge e cartum: Qual a diferença?

Ivan Cabral 

Embora sejam confundidos com frequência, há diferenças marcantes entre a charge e o cartum. Ambos são modalidades do humor gráfico. São textos que usam o código verbal e o imagético em uma combinação criativa que, pelo viés do humor, produzem críticas ou abordagens diferenciadas de aspectos da nossa vida em sociedade.Vamos conhecer as características de cada um.

A charge

 


    As charges são textos de cunho jornalístico e abordam temas do noticiário. Embora sua presença não se limite às páginas dos jornais, foi nesse espaço que ela se consagrou. Seu assunto mais comum é a política partidária e as relações entre os poderes da república.

De um modo geral, é um texto crítico e reflexivo. As políticas públicas implementadas nas diversas áreas como economia, educação, saúde, segurança e cidadania são objetos de suas críticas. A charge é equiparada a um editorial jornalístico pois configura-se como um texto opinativo dos fatos abordados pela imprensa. 

    A partir dessa compreensão já podemos destacar a principal característica da charge: ela é atrelada no tempo e espaço em relação aos temas que aborda. Em outras palavras, a charge fala de fatos que aconteceram em um determinado local e em uma data específica.

    Essa é a razão pela qual as pessoas têm dificuldade de compreender algumas charges. Principalmente se for uma charge antiga ou se refere a um fato ocorrido em outro país, cujo contexto não é facilmente recuperado pelo leitor. 



    Mesmo recriando de forma ficcional e humorística diálogos e situações, ela não se desvincula de situações reais que podem ser conferidas no noticiário. Vejamos um exemplo desse aspecto. Um chargista pode retratar um presidente dando um chute no traseiro de um ministro. Esse fato não precisa ter acontecido exatamente assim. Essa foi a forma como o chargista resolveu retratar a demissão de um auxiliar do executivo. Isso acontece porque o exagero, o absurdo e a metáfora são alguns dos recursos utilizados para produção do humor.



O cartum


    Ao contrário da charge, o cartum não precisa de uma referência no tempo e no espaço. Seus assuntos não tratam de um fato ocorrido ou de personagens do mundo real. Geralmente são tratadas como piadas gráficas, abordando temas filosóficos ou do cotidiano.



     Um exemplo disso são cartuns sobre naufrágios. Não nos cabe fazer perguntas do tipo: onde e quando ocorreu esse naufrágio? Quem é esse náufrago? Qual o nome da embarcação que afundou? Ou seja, não se trata de uma situação real, mas um naufrágio hipotético, simbólico. Isso facilita a leitura do cartum em outras épocas ou locais (desde que o texto linguístico - se houver - for traduzido).

    O cartum trata, portanto, do humor universal que ultrapassa fronteiras culturais, facilitando sua compreensão pelos leitores.


E não vai falar da caricatura?

    Na década de 1960 aquilo que conhecemos como charge era nomeado de caricatura. O pesquisador Herman Lima publicou um clássico de quatro volumes intitulado História da Caricatura no BrasilPorém, hoje a caricatura tem outro conceito. A caricatura é uma modalidade de humor gráfico. Ela é um retrato humorístico de uma personalidade conhecida, seja no universo político ou cultural. Geralmente contém deformações, estilizações e exageros na representação dos personagens caricaturados.


    É comum que as charges contenham caricaturas pois tratam de situações que envolvem políticos e personalidades reais.

    No cartum, é mais raro encontrarmos caricaturas. Se elas aparecem é para expressar algum aspecto cômico da situação retratada e não em decorrência de um fato acontecido com a pessoa caricaturada.


    Por fim, uma característica comum a todas essas modalidades do humor gráfico é o seu potencial crítico e reflexivo. A charge, o cartum e a caricatura não são apenas desenhos engraçados que nos fazem rir. Elas vão além do riso pelo riso, do besteirol, do humor pastelão. Eles produzem o riso reflexivo e crítico. Um texto que nos faz rir enquanto pensamos ou nos fazem pensar enquanto rimos. Trata-se do que costumo classificar de Sorriso Pensante.





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