Sobre este blog

Já faz muito tempo que a escola descobriu o potencial educativo das charges e cartuns na formação de leitores reflexivos e que dominam sua linguagem híbrida (verbal e imagética). Este blog é uma compilação de charges de Ivan Cabral que traz a relação dos temas abordados com os conteúdos presentes nas atividades em sala de aula. Cada charge tem marcadores que a associam a uma das disciplinas escolares.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Charge: falta


 

Charge: cinzas


 

Charge: Nota baixa


 

Charge: Páscoa


 

Charge: Choque


 

Charge: Gripe


 

Charge: Medo


 

Charge: Clima junino


 

Charge: Circongresso




 

Charge: Gripe suína

 


Charge: Desordem e regresso

 


domingo, 4 de fevereiro de 2024

A leitura de charges

Dicas para leitura de charges


A charge é um texto. Você pode achar estranho chamar um desenho de texto. No senso comum um texto é composto por palavras, como uma notícia, um poema, um aviso ou uma carta, para citar alguns exemplos.  Mas o sentido de texto aqui é mais amplo. Ele é um conjunto de códigos ao qual o leitor atribui sentidos no seu ato de leitura. Esses códigos podem ser de várias matrizes: linguísticos, visuais, sonoros, imagéticos. Dessa forma é possível fazer uma leitura - atribuir sentidos - de uma pintura, uma escultura, um poema, uma dança, etc.

A charge carrega uma linguagem de natureza híbrida. Geralmente ela usa o código linguístico (o texto verbal) e o imagético (o código visual, o desenho). Mas, é importante lembrar um aspecto importante: A charge SEMPRE será prioritariamente imagética. Ou seja, ela pode ou não conter o código verbal mas jamais prescindirá do desenho.

O que é leitura?



Antes de tudo precisamos lembrar que as charges podem ser incluídas no grupo dos textos não pragmáticos, dos textos literários. Não estamos rotulando as charges de Literatura, mas elas usam recursos comuns como simbolismo, metáforas, ambiguidade, entre outros. Ler uma charge é diferente de ler uma notícia, um aviso ou uma carta.

A leitura é um processo complexo. Ela envolve a apreensão dos códigos do texto e as relações com nosso conhecimento de mundo, as informações que já temos adquirido em outras leituras.  

Esse processo é cognitivo, exige um exercício de associação de ideias. Nossa memória é ativada e uma rede de sentidos entra em ação durante a leitura do texto. A charge é um texto argumentativo, que nos dá elementos e nos persuade a elaborarmos uma compreensão dos fatos abordados. Nossas emoções também são requeridas no processo de leitura das charges. É comum a abordagem de temas sensíveis da vida em sociedade, como a fome, a violência, a exclusão social e etc.

Todos esses aspectos precisam ser levados em conta durante a leitura de uma charge. Seguem três dicas para auxiliar na leitura de charges.


1. Exploração inicial



Lembre-se que a charge é um texto jornalístico. Ela é criada a partir de um fato do noticiário. Se o seu suporte for uma publicação jornalística (impressa ou virtual) é comum que a notícia relacionada com a charge esteja no conteúdo da publicação e, provavelmente, na manchete principal, a notícia mais relevante, ou no editorial, texto opinativo que reflete a visão o jornal sobre o fato noticiado. É bem provável que o assunto da charge seja de conhecimento público, divulgado em veículos televisivos ou nas redes sociais. De qualquer maneira, você precisa compreender de maneira mais profunda possível aspectos diversos do tema da charge (personagens, siglas, eventos).

Em outras palavras, para uma leitura eficaz de uma charge você precisa entender o seu contexto. Perguntas como essas precisam ser respondidas: Quem são esses personagens? Que fato político, econômico,  social, esportivo, ambiental está sendo abordado? 

2. Analise as pistas fornecidas



Em uma charge bem elaborada, quase nada é supérfluo ou dispensável. Muitas vezes a simples escolha de uma cor tem relação com algum discurso político ou um contexto cultural. O simbolismo é muito utilizado pelos chargistas. Um objeto retratado pode servir como uma metáfora e você precisa estar atento a esses elementos. Na construção de uma charge os chargistas também recorrem ao recurso da intertextualidade. 

Letras de música, ditados populares, contos de fadas, lendas, personagens e situações da cultura popular ou do universo do cinema podem ser inseridas na charge para produzir o seu humor. É necessário compreender o sentido e o contexto do texto importado para realizar uma boa associação e assim atribuir com eficiência o sentido humorístico da charge.

3. Dialogue com o texto


Uma das características dos textos literários e comumente presente charges é a sua natureza polissêmica. Polissemia significa muitos sentidos. Isso se dá porque um texto literário não carrega seu sentido pronto, transmitido sem ruído do autor ao leitor. Um aviso, uma notícia, uma receita, por exemplo, não devem propiciar ambiguidades.

 Diferentemente, no caso de um poema, por exemplo, os sentidos são construídos pelo leitor no ato da leitura. Vários leitores podem atribuir sentidos diversos a um mesmo poema.

Da mesma forma, uma charge não precisa ter um único sentido a ser atribuído a ela, uma única leitura oficialmente autorizada. Claro que podem ocorrer equívocos no processo de associação das pistas fornecidas pelo autor. Isso pode ocorrer por alguma imprecisão tanto do autor quanto do leitor. Uma caricatura mal construída que não permita sua identificação pelo leitor pode ser um grave obstáculo. Por outro lado, mesmo a caricatura elaborada com maestria pode ser ineficaz se o leitor não tem a informação necessária sobre o personagem caricaturado.

Como texto argumentativo que é, uma charge propõe uma leitura plausível a ser executada pelo leitor. Mesmo assim, é possível que os leitores realizem associações legítimas diferenciadas, inclusive, com discordâncias entre essas leituras.


 


Charge: Greve de professores


 

Charge: Machadeira

 


Charge: Mídia






Charge: Bolinha


 

Charge: Vote limpo


 

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Charge: bloco


 

Charge: Superlotação


 

Charge: Pela hora da morte


 

Charge: Insegurança na escola

 


Charge: Chuvas

 


Charge: Combustível adulterado

 


Charge: Fim do túnel

 


Charge: Mudanças no Código Florestal


 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Charge e cartum: Qual a diferença?

            

Charge e cartum: Qual a diferença?

Ivan Cabral 

Embora sejam confundidos com frequência, há diferenças marcantes entre a charge e o cartum. Ambos são modalidades do humor gráfico. São textos que usam o código verbal e o imagético em uma combinação criativa que, pelo viés do humor, produzem críticas ou abordagens diferenciadas de aspectos da nossa vida em sociedade.Vamos conhecer as características de cada um.

A charge

 


    As charges são textos de cunho jornalístico e abordam temas do noticiário. Embora sua presença não se limite às páginas dos jornais, foi nesse espaço que ela se consagrou. Seu assunto mais comum é a política partidária e as relações entre os poderes da república.

De um modo geral, é um texto crítico e reflexivo. As políticas públicas implementadas nas diversas áreas como economia, educação, saúde, segurança e cidadania são objetos de suas críticas. A charge é equiparada a um editorial jornalístico pois configura-se como um texto opinativo dos fatos abordados pela imprensa. 

    A partir dessa compreensão já podemos destacar a principal característica da charge: ela é atrelada no tempo e espaço em relação aos temas que aborda. Em outras palavras, a charge fala de fatos que aconteceram em um determinado local e em uma data específica.

    Essa é a razão pela qual as pessoas têm dificuldade de compreender algumas charges. Principalmente se for uma charge antiga ou se refere a um fato ocorrido em outro país, cujo contexto não é facilmente recuperado pelo leitor. 



    Mesmo recriando de forma ficcional e humorística diálogos e situações, ela não se desvincula de situações reais que podem ser conferidas no noticiário. Vejamos um exemplo desse aspecto. Um chargista pode retratar um presidente dando um chute no traseiro de um ministro. Esse fato não precisa ter acontecido exatamente assim. Essa foi a forma como o chargista resolveu retratar a demissão de um auxiliar do executivo. Isso acontece porque o exagero, o absurdo e a metáfora são alguns dos recursos utilizados para produção do humor.



O cartum


    Ao contrário da charge, o cartum não precisa de uma referência no tempo e no espaço. Seus assuntos não tratam de um fato ocorrido ou de personagens do mundo real. Geralmente são tratadas como piadas gráficas, abordando temas filosóficos ou do cotidiano.



     Um exemplo disso são cartuns sobre naufrágios. Não nos cabe fazer perguntas do tipo: onde e quando ocorreu esse naufrágio? Quem é esse náufrago? Qual o nome da embarcação que afundou? Ou seja, não se trata de uma situação real, mas um naufrágio hipotético, simbólico. Isso facilita a leitura do cartum em outras épocas ou locais (desde que o texto linguístico - se houver - for traduzido).

    O cartum trata, portanto, do humor universal que ultrapassa fronteiras culturais, facilitando sua compreensão pelos leitores.


E não vai falar da caricatura?

    Na década de 1960 aquilo que conhecemos como charge era nomeado de caricatura. O pesquisador Herman Lima publicou um clássico de quatro volumes intitulado História da Caricatura no BrasilPorém, hoje a caricatura tem outro conceito. A caricatura é uma modalidade de humor gráfico. Ela é um retrato humorístico de uma personalidade conhecida, seja no universo político ou cultural. Geralmente contém deformações, estilizações e exageros na representação dos personagens caricaturados.


    É comum que as charges contenham caricaturas pois tratam de situações que envolvem políticos e personalidades reais.

    No cartum, é mais raro encontrarmos caricaturas. Se elas aparecem é para expressar algum aspecto cômico da situação retratada e não em decorrência de um fato acontecido com a pessoa caricaturada.


    Por fim, uma característica comum a todas essas modalidades do humor gráfico é o seu potencial crítico e reflexivo. A charge, o cartum e a caricatura não são apenas desenhos engraçados que nos fazem rir. Elas vão além do riso pelo riso, do besteirol, do humor pastelão. Eles produzem o riso reflexivo e crítico. Um texto que nos faz rir enquanto pensamos ou nos fazem pensar enquanto rimos. Trata-se do que costumo classificar de Sorriso Pensante.